segunda-feira, 29 de junho de 2009

O COMEÇO DE TUDO

A gestação estava correndo muito bem até que no início de fevereiro de 2003 comecei a sentir algo diferente, não sabia o que era apenas a minha barriga ficava rígida e eu estava urinando muito, sabia que tinha algo errado, só não sabia o que.
Procurei o médico e ele disse que eu estava tendo contrações, isto ocorreu no dia 03/02/2003, mandou-me para casa tomar remédio para controlar as contrações e ter repouso e retornar no dia 07/02/2003, assim eu fiz.
No dia 07 logo cedo voltei ao consultório, disse que meu filho não estava mexendo e que eu não me sentia bem. Fizemos um ultra-som onde ele percebeu que realmente ele não estava como era antes, eu estava com 30 semanas gestacionais. Então me foi recomendado que voltasse para casa e fizesse outro ultra-som no dia 10/02 e retornasse no dia 12 por que ele iria viajar.
Como eu tinha certeza que não estávamos bem procurei fazer a ultra-som no mesmo dia. Quando o médico estava analisando as imagens ele ficou assustado com a situação e mandou-me urgente p o medico que me acompanhava, para a minha surpresa ele não estava mais na cidade, havia viajado, consegui falar por telefone e quando ele ouviu o laudo mandou-me correndo para uma médica que eu nunca havia visto.
Quando ela fez o toque disse que eu estava em trabalho de parto e meu filho nasceria naquele dia, com apenas 30 semanas gestacionais, até então eu não tinha noção do que era um prematuro e quais seqüelas poderiam ocorrer.
João nasceu com 1.300 kg e 41 cm.
Foi direto para a UTI e eu apenas o vi rápido.
Ele foi entubado.
Quando sai do centro cirúrgico a pediatra veio conversar comigo e relatar a situação de meu filho, ERA MUITO GRAVE, às 48 horas iniciais seriam primordiais e eu tinha que rezar muito.
No dia seguinte fui vê-lo e ele estava tendo uma parada respiratória, eu quase pirei.
O dia de minha alta foi o pior que já vivi. Nunca senti tanta inveja na minha vida, como daquelas mães levando em seus filhos em seus braços e a minha obrigação naquele momento era produzir bastante leite para meu filho. Foram 32 dias onde o ganho de 10 gramas era comemorado como o ganho de 10 toneladas de ouro.
Enfim, a alta. Toda tristeza se esvaiu de meu peito, o dia mais feliz de minha vida, tudo estava bem outra vez!
Mas, uma semana depois da alta fomos fazer uma transfontanela e neste exame foi diagnosticada uma lesão no ventrículo esquerdo e uma atrofia na parte frontal e lateral esquerda do cérebro. Saber disso foi pior do que deixá-lo no hospital quando da minha alta.
Procuramos a neuropediatra e ela disse que não podia dizer quais seqüelas isso traria.
Aos quatro meses João iniciou a fisioterapia e por recomendação dos terapeutas fazíamos e ainda fazemos todos os estímulos possíveis , seja com brinquedos, sons,cores, muitos materiais lúdicos, e deu resultado.
Meu filho falou na idade normal, antes de um ano já dizia mamãe e papai e como todas as crianças balbuciava muito.
Visão normal, apenas um estrabismo, audição normal, fala normal, por exclusão restou à parte motora.
Hoje ele tem seis anos, estuda,brinca, já está sendo paquerado, também já esta trocando os dentinhos, tudo como todas as crianças de seis anos.
Mas ele ainda não anda e também não consegue ter um bom controle dos membros superiores.
Bom, graças a Deus podemos proporcionar uma boa situação para o desenvolvimento físico e intelectual do João.
A minha pergunta é: E quem não pode proporcionar tudo isso? Quem não pode arcar com as terapias, com uma boa escola, com a inclusão de seus filhos na sociedade?
Hoje estamos aqui falando sobre a inclusão no ensino superior. E a inclusão no ensino fundamental?
Meu filho e outras tantas crianças com deficiências conseguem estudar em escolas regulares, escolas particulares que foram se adequando à medida que os recebiam, e aquelas que não têm recursos para estudar em uma escola particular?
Nossas escolas publicas estão preparadas para estas crianças?
Então eu acho que o poder publico precisa olhar para esta situação, matricular uma criança com deficiência na escola e deixá-la freqüentar as aulas é uma coisa, mas fazer com que estas crianças façam parte deste grupo é muito diferente.
É preciso muito trabalho de adequação e principalmente de conscientização por parte de toda a comunidade escolar para aceitar as limitações do outro e de mostrar que estas pessoas têm muito a ensinar.

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